“Checadores de fatos” partidários espalham desinformação sobre as mudanças climáticas

Publiquei estatísticas sólidas sobre as populações de ursos polares, e a Agence France-Presse as chamou de “enganosas”.

As “checagens de fatos” partidárias estão minando o discurso aberto sobre questões importantes, incluindo as mudanças climáticas. No início deste mês, escrevi um post preciso no Facebook sobre a crescente população de ursos polares. A postagem minou as narrativas climáticas alarmistas, por isso foi erroneamente rotulada como uma falsidade.

Os ativistas usam os ursos polares como um ícone do apocalipse climático há décadas, mas os melhores dados mostram que, longe de desaparecerem, seus números estão crescendo. As avaliações oficiais dos principais cientistas que estudam esses animais – o Grupo de Especialistas em Ursos Polares da União Internacional para a Conservação da Natureza – estimam a população global hoje em 22.000 a 31.000. Isso é mais do que os 5.000 a 19.000 ursos polares estimados pelos cientistas na década de 1960.

A principal razão não tem nada a ver com o clima. Um acordo internacional promulgado em 1976 limita a caça ao urso polar, sempre a principal ameaça aos números de ursos polares. Os ursos polares sobreviveram ao último período interglacial, 130.000 a 115.000 anos atrás, quando era significativamente mais quente do que agora.

Nada disso significa que a mudança climática não é real ou não afeta as pessoas ou o planeta. Mas, para lidar efetivamente com esses problemas, precisamos usar bons dados, em vez de nos basearmos em narrativas ideologicamente inspiradas. Faz mais bem para os ursos polares e para o resto de nós, se aqueles que tentam ajudá-los usam fatos precisos.

A Agence France-Presse (AFP), o serviço de notícias mais antigo do mundo, encontrou uma nova relevância em se comercializar como um “serviço de verificação digital” online. Carimbava “ENGANADO” no topo da minha postagem e declarava que eu havia usado “dados não confiáveis”. Outras plataformas de mídia rapidamente seguiram o exemplo, com o Facebook, sinalizando várias postagens e colunas de jornais nas quais eu defendia esses pontos como “parcialmente falsos” e “poderiam enganar”.

Mas a AFP está comprovadamente errada. Baseou sua descoberta quase inteiramente em uma entrevista com um cientista aposentado, Dag Vongraven. Ele aceita que eu mencionei as descobertas corretas, mas afirma que, devido à capacidade limitada dos cientistas de rastrear animais naquela época, os dados da década de 1960 são “adivinhações” nas quais não se pode confiar. A implicação é que o aumento no número estimado de ursos polares reflete um melhor rastreamento, não o crescimento real da população.

Essa é uma cortina de fumaça politicamente conveniente. Os dados da década de 1960 vêm do Primeiro Encontro Científico Internacional sobre o Urso Polar, em 1965, e são baseados em três estimativas revisadas por pares que extrapolam seus totais de populações regionais bem documentadas de ursos polares. O padrão é corroborado por outros dados, incluindo uma descoberta de 1970 da União Internacional para a Conservação da Natureza e cinco outras fontes que mencionei. Todos mostram que o número de ursos polares aumentou. A AFP e o Sr. Vongraven nunca oferecem uma estimativa alternativa; eles simplesmente rejeitam os melhores dados disponíveis porque não correspondem à sua narrativa política.

Mesmo se você jogar fora todos os dados do século 20, o Polar Bear Specialist Group em seu relatório mais recente (2021) documenta que o número de ursos polares aumentou nas últimas duas décadas. A AFP simplesmente ignora isso e, em vez disso, enfatiza que as estimativas são difíceis.

No entanto, a AFP perde rapidamente o senso de cautela sobre a extrapolação de dados assim que é politicamente conveniente. No meio do artigo, o veículo insere um enorme gráfico que declara que os ursos polares “podem estar extintos até o final do século”. A AFP não indica claramente uma fonte para essa afirmação, mas provavelmente vem de um artigo de 2020 na Nature que foi amplamente divulgado como demonstrando a potencial extinção dos ursos polares. Aqui, novamente, a AFP ultrapassa os dados. Mesmo no pior cenário, o artigo da Nature não mostra que os ursos polares seriam extintos.

Confiar nos dados que mencionei costumava ser incontroverso. Quando um jornalista científico da CNN fez uma investigação semelhante à da AFP em 2008, ele falou com vários cientistas e eles concordaram “que as populações de ursos polares, com toda a probabilidade, aumentaram nas últimas décadas”. Quando os ursos polares em 2008 foram listados como uma espécie ameaçada pela Lei de Espécies Ameaçadas, a decisão observou que a população “cresceu de cerca de 12.000 no final dos anos 1960 para uma estimativa mundial atual de 20.000 a 25.000”. Os dados aqui não mudaram, apenas a disposição da mídia em desconsiderar fatos irritantes.

O resultado é que é negado ao público o acesso a dados precisos e o debate aberto sobre esses tópicos tão importantes. Pontos ridículos de um lado são deixados de lado enquanto a chamada checagem de fatos censura verdades inconvenientes. Se quisermos fazer uma boa política climática, os eleitores precisam de uma visão completa dos fatos.

Além disso, ainda hoje cerca de 700 ursos polares são mortos por caçadores a cada ano. Se queremos ajudar os ursos polares, por que não paramos de atirar neles?

O post acima é uma tradução livre do texto do artigo de Bjørn Lomborg publicado no Wall Street Journal em 26 de janeiro de 2023. Para ver o original e os links, clique aqui. Bjørn Lomborg é o presidente do Consenso de Copenhague, pesquisador visitante da Hoover Institution da Universidade de Stanford e autor de “False Alarm: How Climate Change Panic Costs Us Trillions, Hurts the Poor, and Fails to Fix the Planet”.

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“Efeito estufa” é “fake news”!

O que ocorre em uma estufa: o ar interno fica retido por uma estrutura física – filmes plásticos, materiais compostos (policarbonato, por exemplo), vidro – e se aquece internamente pelo calor do Sol irradiado a partir das plantas, do solo e das superfícies internas.

O que ocorre na natureza, a céu aberto: a “temperatura média” na superfície é de cerca de 14 °C e, na medida em que subimos na troposfera (os primeiros 10 a 12 km da atmosfera, medidos a partir da superfície do planeta, onde encontra-se 80% da massa da atmosfera), a temperatura diminui gradativamente, chegando -60 °C no limite com a estratosfera, e não há nenhuma estrutura de impedimento para a livre circulação do ar.

O que se verifica mais recentemente é um pequeno aquecimento na superfície, em algumas regiões no hemisfério norte, mas não se verifica um aquecimento na troposfera, sejam por medições de satélites, sejam por medições diretas de balões meteorológicos.

Um corpo frio (o ar mais frio, mais acima) não pode “esquentar” um corpo quente (o próprio ar, mais quente, mais abaixo). Lei zero da termodinâmica. Portanto, quando muito, a atmosfera pode retardar a perda do calor irradiado a partir da superfície, mas não é capaz de “reter o calor” e então “nos aquecer”, de cima para baixo…

Em outras palavras, os fatos não correspondem à tese.

Nos últimos 2 mil anos – para não ir muito mais atrás – a superfície da Terra já esteve inicialmente mais quente e depois mais fria do que atualmente por causas naturais.

O Sol, a água e o CO₂ são essenciais para a fotossíntese e para a vida – tal e como a conhecemos – no planeta Terra, o CO₂ não é um poluente!

A concentração de CO₂ no ar seco é de cerca de 400 ppm (0,04%) e a atividade humana representaria cerca de 3% das emissões naturais, menos que a incerteza dessa estimativa…

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Presunção da catástrofe na mídia cria arma geopolítica da mitologia da mudança climática

“Fez 30 graus na Antártida”! Por incrível que pareça, foi isso que alguns telejornais (desses que transformam notícias em infotenimento) acabaram induzindo o distinto público a acreditar a respeito de “onda de calor inédita” reportada por uma base francesa no continente gelado. É a presunção da catástrofe, construção semiótica operada pela mitologia das “mudanças climáticas” – depois da urgência biológica da pandemia, agora a grande mídia se volta para a urgência climática. Uma operação semiótica de despolitização ao reduzir a questão ecológica ao “meio ambiente”, deixando de lado o fator socioeconômico. A mitologia das mudanças climáticas se transforma em chantagem ambiental na grande mídia: a substituição da matriz do combustível fóssil pela “energia limpa” (eólica, solar) além de igualmente destruir o meio ambiente, atende principalmente objetivos geopolíticos: transformar os países outrora chamados de “emergentes” em novas neocolônias high tech.

Nessa semana os telejornais deram manchetes bombásticas para a notícia de que a Antártida registrou temperatura 30 graus acima do normal, batendo recorde.

A base Dumont d’Urville, localizada na costa da Terra de Adelia, Antártida Oriental, registrou o mês de março mais ameno, com 4,9 graus e temperatura mínima de 0,2 graus. Para Gaëtan Heymenes, especialista da Météo-France, tratou-se de um “evento historicamente ameno”, 30 a 35 graus acima da sazonalidade. E salientou que o evento é uma “coincidência” e não uma “parte da mudança climática criada pelo aquecimento global”.

Porém, a forma como a notícia foi dada foi bem diferente: partindo a priori da presunção da catástrofe quando se refere a questões climáticas, tendenciou-se de forma bizarra ao sugerir que a temperatura na Antártida chegou a 30 graus! – fazendo alguns apresentadores e comentaristas exclamarem, por exemplo, que “daqui a pouco vai dar para se bronzear no Polo Sul…” (Studio I, Globo News). Risos nervosos, porque, afinal, todos sabemos, caminhamos para o apocalipse ambiental.

O tom discursivo generalizado da grande mídia é “o mundo vai acabar em breve”. A cada ressaca em uma costa litorânea, incêndio em uma floresta, famílias soterradas por desmoronamentos de chuva e lama e enchentes destruindo cidades, sempre a conclusão instantânea de que tudo são “avisos” de que o clima está mudando e que o “aquecimento global” está mandando a sua conta.

Como este Cinegnose já abordou sobre a construção midiática da mitologia da pandemia (clique aqui), assim como o vírus possui uma cápsula proteica para aderir na célula hospedeira (de bactérias, fungos ou animais), também a sociedade possui uma “cápsula semiótica” (de discursos, sentidos e significações) que adere aos eventos naturais, ressignificando-os na biopolítica. Como fenômenos biológicos que eclodem na sociedade, o grau de letalidade é ampliado ou minimizado por vetores sociopolíticos: políticas sanitárias, desigualdade social, agenda das políticas econômicas, etc. Porém, como este humilde blogueiro observava, antes de salvar os cidadãos, a sociedade tem que salvar a si própria: manter a ideologia e a coesão social na desigualdade e luta de classes.

Através do mecanismo semiológico da mitologia (Roland Barthes), transformar a realidade em signos esvaziados da contingência e história, transformando tudo em fenômenos “naturais” e despolitizados. Dessa maneira, as contingências socioeconômicas da pandemia (que, em última instância, determinou a sua letalidade) foram esvaziadas para transubstanciar em “urgência sanitária” ou “biológica”.

A construção da mitologia

Com as “mudanças climáticas” acompanhamos o mesmo mecanismo semiológico: agora temos o discurso despolitizado da “urgência climática”.

Calma, prezado leitor! Este humilde blogueiro não está virando um negacionista. A tese desse artigo é que a mídia (e a própria sociedade como um todo) funciona como um sistema tautista: há uma realidade lá fora desse sistema semiótico composto pelas estruturas de discursos e narrativas. Contudo, essa realidade é traduzida a partir de uma descrição que esse sistema faz de si mesmo. Esse é o fenômeno semiótico do tautismo – tautologia + autismo midiático.

Sim! A mudança climática é real e foi causada pelo sistema econômico do capitalismo – de um lado composto pelo neocolonialismo predatório das exportações das commodities dos países “emergentes”; e do outro de uma sociedade de consumo dos países ricos do hemisfério Norte – os 10% dos mais ricos da população global que causam metade da poluição do planeta: as famílias ricas emitem muito mais poluição do que as mais pobres. Portanto, esta distorção significa que as mudanças climáticas estão associadas à desigualdade econômica.

Essa é a realidade “lá fora” que deve ser traduzida para o interior do sistema e ser mantido o equilíbrio homeostático – despolitizar contradições e naturalizar os fenômenos como “climáticos”, “biológicos” e assim por diante. Mitologização, trata-se de um mecanismo de neutralização ideológica.

É o que está por trás, por exemplo, das oportunistas opiniões de “colonistas” da mídia corporativa de que a Petrobrás deve mudar: de empresa petrolífera para uma empresa “de energia”. Privatizada, ela abandonaria o passado (a matriz do combustível fóssil) e investiria na futura matriz “limpa”: energia eólica, solar, etc.. Privatizada, ajudaria a salvar o planeta.

Documentários como Green Lies (clique aqui), de Julia Barnes baseado no livro homônimo de Max Wilbert, vem denunciando que essas tecnologias verdes são produtos de uma indústria igualmente destruidora de recursos naturais – na verdade o “ambientalismo verde brilhante” é um rearranjo do Capitalismo para manter as desigualdades de classes e o sistema predatório do consumismo, enquanto o sistema faz uma descrição despolitizada ao criar a mitologia das mudanças climáticas.

Por que “despolitizada”? Além da questão que os problemas ambientais tem uma relação direta com a desigualdade social e global de um sistema econômico baseado no neocolonialismo que beneficia aqueles 10% mais ricos que mais poluem, há outro aspecto bem desinformado pela grande mídia: a inconsistência das alternativas energéticas, as chamadas “matrizes limpas”.

Energia limpa?

Cerca de 85% da energia global é proveniente de três fontes: petróleo, gás, carvão. Substituir, que seja, até 10% disso por parques eólicos e gigantescos campos de painéis solares invasivos e construídos a partir de materiais é extremamente caro e ineficiente (dentro da relação custo / benefício, recurso / intensividade), representam uma energia instável e difusa que não chega nem perto da “qualidade” (eficiência) dos combustíveis fósseis.

Porém, há duas alternativas energéticas extremamente “verdes” e que são hipereficientes: a hidrelétrica e a nuclear. Mas, do ponto de vista da grande mídia, não seriam alternativas “populares”. De um lado a hidrelétrica, pressionada por ONGs que sempre alegam impactos às comunidades ribeirinhas e aos ecossistemas – basta recordar das batalhas dessas organizações na OEA (Organização dos Estados Americanos) contra a Usina Belo Monte, no Pará, chegando às manchetes da grande imprensa como mais uma das denúncias envolvendo empreiteiras no âmbito da Operação Lava Jato – mais um lance geopolítico da destruição do soft power brasileiro.

E a energia nuclear sempre foi um tema negativado midiaticamente, associado ao medo apocalíptico da contaminação, terceira guerra mundial e acidentes catastróficos – uma conquista de corações e mentes muito bem planejada pela profusão de filmes e séries na indústria do entretenimento, de Síndrome da China (1979) à recente minissérie Chernobyl (2019).

Mas a energia nuclear é, de longe, a fonte mais eficiente – energia de alta densidade, baixo custo e impactos ecológicos baixos.

O que o jornalismo corporativo não conta é que cortar o uso de todos os combustíveis fósseis e nuclear significará (dentro do jogo do mercado no capitalismo) um enorme aumento nos custos de energia e queda dramática nos padrões materiais de vida, isto é, aumento da pobreza e miséria! Em decorrência, tumultos e colapso social num contexto socioeconômico de pobreza crescente. Isso é o que vemos em todos os países quem tentam fazê-lo. Este é o “preço” para “tornar-se verde” em termos climáticos.

Um pequeno exemplo: na Indonésia, a produção do óleo de palma (utilizada em produtos de grande consumo) tornou-se o alvo de protestos do Greenpeace, chegando ativistas da organização a ocuparem uma refinaria de óleo em 2018. Protestavam contra a destruição de florestas. Não há uma única alternativa ao óleo de palma, cuja produção implica em um frágil equilíbrio entre a sobrevivência da população local e o meio ambiente. A diminuição na produção resultou no empobrecimento da população, desemprego e desaceleração do crescimento econômico.

Afinal, será que dentro da geopolítica do grande reset global do Capitalismo, não seria essa a meta desejada? A promoção do neocolonialismo high tech? Promover a desindustrialização dos países outrora chamados de “emergentes” mediante a desorganização das suas cadeias produtivas (vide no Brasil o caso da destruição da construção civil e infraestrutura, além da cadeia do petróleo, pela Operação Lava Jato). E os desempregados, entregues ao capitalismo de plataforma do trabalho uberizado.

Em tudo isso, a presunção da catástrofe pela grande mídia é a pedra de toque nesse verdadeiro trabalho de engenharia social: a construção da mitologia da mudança climática como questão ecológica urgente. Os oceanos estão subindo! As florestas pegam fogo! O planeta está ficando mais quente!

Porém o mundo não vai acabar em breve. As consequências reais das mudanças climáticas dentro de 100 a 200 anos, mega incêndios e inundações, são administráveis pelo Estado (“Estado”, uma palavra que os neoliberais não gostam muito de ouvir…). A questão é que os custos das mudanças climáticas não se resumem ao meio ambiente – aliás, é isso que a operação semiológica das mitologias quer fazer. Daí, o seu mecanismo semiótico despolitizador.

É impossível olhar para os custos das mudanças climáticas sem comparar com os custos sociais e políticos da substituição dos combustíveis fósseis como pobreza, colapso social, convulsões políticas e, historicamente, o resultado desses contextos: as escaladas dos nacionalismos e extremismos de direita – o que, no final, são as consequências geopolíticas desejáveis: regimes políticos extremistas como pilotos ideais para países emergentes transformados em neocolônias high tech.

O mundo pode gerenciar um aumento de 50 cm dos oceanos globais. Mas não o colapso social. É mais fácil imaginarmos o fim do mundo do que o fim do Capitalismo.

O texto acima é de Wilson Ferreira, autor do blog Cinegnose. Para ver a postagem original, clique aqui.

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50 anos após o primeiro Dia da Terra, o planeta está indo muito bem

Hoje é o 50º aniversário do Dia da Terra e do nascimento do movimento ambientalista moderno. Meio século depois, podemos fazer uma pausa e perguntar: como está o nosso planeta? A resposta: muito bem, na verdade.

Temos muito a comemorar – e muito em que pensar, enquanto consideramos maneiras de tornar os próximos 50 anos mais eficazes.

Muitos ocidentais ficam surpresos ao saber que o meio ambiente está melhorando. Muito. Essa surpresa se deve a um lado infeliz do legado do Dia da Terra, que muitas vezes tem se concentrado em desgraças e tristezas, deixando-nos desanimados e impulsionando políticas ruins.

O ambientalismo inicial da década de 1970 ajudou a concentrar as sociedades em importantes prioridades ambientais, como rios poluídos – o rio Cuyahoga até pegou fogo em 1969 e poluiu o ar com fuligem, matando gente.

Demos grandes passos. A maioria dos corpos d’água nos países desenvolvidos é muito mais limpo, pois somos prósperos o suficiente para limpar a nossa bagunça.

Nos Estados Unidos, por exemplo, um estudo abrangente recente mostrou que “as concentrações de poluição da água caíram substancialmente” nos últimos 50 anos. E impressionantes 3,8 bilhões de pessoas no mundo obtiveram acesso à água potável desde a década de 1970.

A poluição do ar, o maior assassino ambiental do mundo, teve melhorias ainda maiores. Ao ar livre, a poluição do ar diminuiu drasticamente nos países ricos, em grande parte devido à atenção do Dia da Terra de 1970 e à legislação que ele inspirou, como a histórica “Lei do Ar Limpo”, nos EUA, promulgada no final daquele ano.

Para os pobres do mundo, a poluição do ar mais mortal é a de dentro de casa. Quase 3 bilhões dos mais pobres do mundo ainda cozinham e se aquecem com combustíveis sujos – como esterco seco, papelão e madeira – e a Organização Mundial da Saúde estima que os efeitos dessa prática são equivalentes a fumar dois maços de cigarros por dia.

Desde 1970, o risco de morte em todo o mundo devido à poluição interna do ar foi reduzido em mais da metade.

Apesar do incrível progresso, a poluição do ar interno e externo ainda mata 8 milhões de pessoas anualmente. Pelo menos 2 bilhões de pessoas ainda usam fontes de água potável contaminadas por fezes. Assim, para os próximos 50 anos, ainda temos um bom trabalho pela frente.

Mas, curiosamente, esta não é a nossa típica conversa sobre o meio ambiente. Não enfatizamos grandes melhorias e não nos concentramos em nossos negócios vitais e inacabados na qualidade da água e do ar. Em vez disso, a história padrão é como o ambiente está ficando cada vez pior – como estamos nos aproximando da catástrofe. Esta tradição também começou com o Dia da Terra.

Em 1970, muitos ambientalistas importantes previam o fim do mundo. O ecologista de Stanford, Paul Ehrlich, foi talvez o principal proponente do apocalipse. Para o Dia da Terra, ele previu que a deterioração ambiental mataria 65 milhões de americanos e que, globalmente, 4 bilhões morreriam antes do ano 2000. A revista Life também viu a desgraça iminente, prevendo que a poluição do ar seria tão ruim que os norteamericanos teriam que usar máscaras de gás na década de 1980 – e essa poluição bloquearia metade da luz do sol.

Essas previsões não apenas eram espetacularmente erradas, mas eram estranhas quando feitas pela primeira vez. No entanto, em um mundo onde notícias mais alarmantes recebem mais atenção, eles iniciaram uma tendência de enquadrar as questões ambientais nas piores formas. O tom assusta, deprime – e provavelmente distorce o nosso foco e os investimentos.

Hoje, as mudanças climáticas ocupam a grande maioria das conversas ambientais e são definitivamente um problema real. No entanto, também é muitas vezes enquadrado de forma exagerada, com resultados previsíveis: uma nova pesquisa mostra que quase metade da humanidade acredita que o aquecimento global provavelmente fará com que os humanos sejam extintos.

Isso é totalmente injustificado. O Painel do Clima da ONU conclui que o impacto geral do aquecimento global na década de 2070 será equivalente a uma perda de 0,2 a 2% na renda média. Isso pode ser um problema, mas não é o fim do mundo.

Esse medo também nos faz priorizar mal. A mitigação das mudanças climáticas hoje custa mais de US$ 400 bilhões por ano em subsídios a energias renováveis ​​e outras políticas climáticas caras. No entanto, gastamos muito menos para tornar a água e o ar mais limpos para bilhões de pessoas com necessidades básicas.

Podemos, com razão, olhar para trás no Dia da Terra com orgulho pela atenção que trouxe ao meio ambiente. Mas precisamos conter os exageros, para ter certeza de que realmente deixamos o ambiente no melhor estado possível.

O texto acima é uma tradução livre do artigo publicado em 21/04/2022 no New York Post por Bjørn Lomborg, presidente do Consenso de Copenhague e membro visitante da Hoover Institution, da Universidade de Stanford. Para ver o original, clique aqui.

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A morte da discussão científica pelo negacionismo

Questionamentos sérios sobre teorias das mudanças climáticas não devem ser vistos como terraplanismo.

A discussão sobre o negacionismo científico, provocada pelo artigo do Xico Graziano, exige uma distinção fundamental: os terraplanistas e outros imbecis, que desdenham o uso de vacinas ou de máscaras para combater o coronavírus, não podem ser confundidos com os cientistas que criticam outros cientistas na hipótese de as mudanças climáticas, ocorridas desde o período pré-industrial até o presente momento, serem causadas, ou intensificadas de forma apocalíptica, pelas atividades humanas.

O grande problema de um negacionista tacanho é quando ele acaba virando um “combo” de negacionismo, e tudo o que é relativo ao “establishment” acaba sendo negado. Daí vem a polarização causada pelo discurso que leva à politização de temas científicos, resultando em uma verdadeira “morte” da discussão científica.

Um dos temas mais politizados da atualidade são as mudanças climáticas. Esse assunto é bem delicado de ser abordado, pois os negacionistas ideológicos impedem que pessoas sérias, que pesquisam sobre as questões climáticas, sejam tratadas com o devido respeito, embora divirjam do modelo adotado pelo IPCC, que atribui às ações humanas as alterações globais do clima na Terra.

É o meu caso e de muitos outros. Chamados erroneamente de negacionistas, como também de cientistas céticos, nós externamos opiniões que, embora divergentes daquelas predominantes, estão baseadas em dados, em leis e em teorias reconhecidas pelas quais as oscilações climáticas atuais não são diferentes daquelas que o planeta experimentou há milhares de anos, ou como durante o Holoceno, nossa atual época geológica, que iniciou-se a aproximadamente 12 mil anos atrás.

Pessoas como o Dr. Willian Happer, que é professor emérito de Princeton; o Dr. Richard Lindzen, que é professor emérito do MIT; o Dr. Ivar Giaever, que é prêmio Nobel em Física (1973); e o humilde autor desse texto são tratadas como negacionistas e colocadas no mesmo nível de “terraplanistas” e antivacinas, que negam a realidade. Ora, a diferença das pessoas citadas acima com os incautos é a busca pela verdade pautada na ciência e em nada mais além do que a ciência.

Mas os cientistas já não definiram que o aquecimento do planeta é causado pelo homem?

Essa é a questão central. Acontece que todas as projeções que vemos sobre aquilo que irá acontecer até 2100 estão baseadas em resultados fornecidos por modelos teóricos, e tais modelos definitivamente não traduzem a realidade de um clima que possui inúmeras variáveis não controladas pelos seres humanos, como por exemplo o movimento dos oceanos e os raios cósmicos.

Quem estuda realmente essas variáveis macro sabe que qualquer prognóstico a longo prazo cria uma incerteza tão grande que a probabilidade de ocorrência daquele prognóstico fica extremamente improvável. Assim, para estudarmos qualquer evolução de um sistema dinâmico como a atmosfera da Terra, que é totalmente aleatório, os estudiosos definem modelos climáticos que produzem cenários com base nos códigos e variáveis que são “ensinadas” e modeladas para produzirem um resultado que o pesquisador quer, ou precisa ter.

O Dr. Roy Spencer, que é meteorologista, principal cientista da Universidade do Alabama em Huntsville e líder da equipe de ciências dos EUA do Radiômetro de Varredura por Microondas Avançado no satélite Aqua da NASA, fez um apanhado do resultados dos principais modelos climáticos.

A conclusão que o Dr. Roy Spencer chegou é de que mais de 95% dos modelos climáticos concordam que as observações devem estar erradas. Satélites como o HadCRUT e o UAH, que é comandado pelo próprio Dr. Spencer, mostram que as medições feitas e os resultados dos modelos climáticos possuem uma ampla divergência.

Para piorar, os modelos não conseguem “prever o passado” e chegar a ter uma faixa de erro aceitável em relação às medidas feitas por satélites desde 1979. A grande maioria não chegou nem perto da realidade medida. E estamos falando de 40 anos de dados. Imaginem um cenário proposto para 80 anos no futuro, na qual as incertezas aumentam mais ainda.

A questão é que, por terem vozes que questionam de forma séria as vertentes que falam sobre a interferência humana no clima, muitos opositores usam do artifício da destruição de reputações, que foi e é usado muito ainda por radicais de direita e de esquerda, para invalidar e desacreditar as vozes dissidentes, além de propagarem um medo de um apocalipse climático, culpando as atividades humanas que levaram a nossa espécie a aumentar a nossa expectativa de vida e as comodidades da vida moderna.

Os cientistas sérios falam que:

  1. Não interessa se o clima vai esquentar ou resfriar, a conservação ambiental é extremamente importante;
  2. Explorar recursos naturais, como os da Amazônia, não exige devastar o bioma, e quem pensa assim está totalmente desatualizado com as boas práticas e as tecnologias vigentes. Além disso, a maior riqueza da Amazônia não está no subsolo, pois a sua principal riqueza é a biodiversidade (Indústria 4.0);
  3. A falta de saneamento básico é o maior problema ambiental do mundo;
  4. A poluição é sempre ruim e somente com tecnologia poderemos mitigar e cessá-la, sem tornar impossível a sobrevivência humana e dar uma vida digna às pessoas;
  5. Os gases derivados da queima incompleta de combustíveis são prejudiciais à saúde em grande concentração e com a tecnologia poderemos resolver isso;
  6. O CO₂ é um dos gases essenciais da vida planetária.

Em resumo, com a nossa tecnologia atual de medições, com a precisão dos instrumentos e como os modelos climáticos não sabem “fazer” nuvens, não se sabe quando teremos La Niña ou El Niño (dois importantes agentes de alterações climáticas), não se sabe prever a Oscilação da Antártica e muito menos os raios cósmicos. Só resta aos modelos criarem cenários com base no gás carbônico. Trata-se de um inaceitável reducionismo – tratar o CO₂ emitido pelas atividade humanas como sendo o botão climático fundamental. Não é.

Conclusão:
• O desequilíbrio energético global responsável pelo aquecimento recente é muito menor do que a incerteza em nosso conhecimento dos fluxos naturais de energia;
• Como resultado, as mudanças climáticas poderiam ser principalmente naturais, e não teríamos como ter certeza disso;
• Os modelos climáticos tendem a ser ajustados para não detectar nenhuma mudança climática natural, já que os modeladores simplesmente acreditam que ela não existe;
• Apesar das crenças, há evidências abundantes de eventos passados de mudanças climáticas naturais, cujas causas são amplamente desconhecidas.

O texto acima é do professor Thiago Maia e foi publicado pelo Poder360 em 18/06/2021. Para ver a publicação original, clique aqui.

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Mudanças climáticas e ciclos naturais do clima: passado, presente e futuro da temperatura no Brasil

Os esforços para colocar as observações climáticas recentes em um contexto de longo prazo têm sido impulsionados pela preocupação sobre se a tendência de aquecimento global do séc. 20 faz parte da variabilidade natural do clima ou se está ligada ao aumento das emissões antropogênicas de gases de efeito estufa na atmosfera. É oferecida uma nova perspectiva sobre o clima e suas mudanças, ressaltando aquelas que ocorrem em virtude de ciclos naturais, geralmente pouco difundidos. Com o embasamento histórico sobre como o clima variou no passado, conduziu-se investigação estatística por meio de técnicas de séries temporais e análises espectrais / harmônicas (Séries de Fourier e espectrogramas), as quais permitiram determinar fenômenos naturais periódicos e suas magnitudes nas variações nacionais de temperatura. Identificou-se que a temperatura superficial do ar no Brasil exprime ciclos de 4 anos (origem oceânica-atmosférica relacionada ao ENOS), de 33 anos (ciclos de Brückner, de origem lunar-solar) e de 82 anos (ciclo inferior de Gleissberg, de origem solar). Fundamentando-se em modelo oscilatório alternativo que incorpora tais ciclos naturais, foram elaboradas projeções futuras da temperatura do ar no País. Para o ano de 2100, prevê-se que a temperatura do ar no Brasil pode atingir o valor de +1,8 ± 0,6 °C, segundo o modelo oscilatório natural. Em comparação, modelos convencionais tipicamente utilizados pelo IPCC indicam, até o final do século, um aumento de: +2,9 ± 1,2 °C (modelo RCP4.5, com mitigação); +3,9 °C (modelo SRES A1); e 5,7 ± 1,7 °C (modelo RCP8.5, sem mitigação). Os valores mais extremos dos modelos convencionais atingem proporções até 4 vezes maiores do que os resultados obtidos no modelo alternativo aqui disponibilizado. Analisando a aderência dos modelos, conclui-se que os modelos convencionais estão superestimando e exagerando uma taxa de aquecimento no Brasil que, na realidade, não tem sido observada. O modelo oscilatório natural proposto, que apresenta alta correlação com os dados observados até o momento, indica um incremento da temperatura no Brasil que pode chegar ao modesto valor de +0,8 °C em 2040. Para o mesmo ano, os modelos convencionais (SRES A1 e RCP8.5) indicam valores em torno de +2,0 °C – o que representa mais que o dobro da projeção fundamentada nos ciclos climáticos naturais. Com base nas projeções que indicam um aquecimento moderado, nada exagerado, é oferecida uma nova perspectiva de um clima futuro menos aterrorizante. Em um contexto em que predominam perniciosos discursos alarmistas, difusores de cenários de um aquecimento global apocalíptico, espera-se que novas visões ponderadas permitam apaziguar o nível de preocupação que hoje tem culminado em efeitos colaterais indesejáveis – em especial os elevados níveis de eco-ansiedade que vem afligindo parcelas significativas da sociedade.

Tese de Doutorado de Marcos José de Oliveira aprovada no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental da Escola de Engenharia de São Carlos – USP. Para ter acesso ao documento completo, clique aqui.

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Bem-estar no século 21

A mudança climática é real e seus impactos são principalmente negativos, mas os retratos comuns de devastação são infundados. Cenários estabelecidos no Painel do Clima da ONU (IPCC) mostram que o bem-estar humano provavelmente aumentará para 450% do bem-estar de hoje ao longo do século 21. Os danos climáticos reduzirão esse aumento de bem-estar para 434%.

Os argumentos para a devastação geralmente afirmam que o clima extremo (como secas, inundações, incêndios florestais e furacões) já está piorando por causa das mudanças climáticas. Isso é principalmente enganoso e inconsistente com a literatura do IPCC. Por exemplo, o IPCC não encontra tendência para a frequência global de furacões e tem baixa confiança na atribuição de mudanças à atividade humana, enquanto os EUA não observam um aumento nos furacões terrestres desde 1900. O risco global de morte por clima extremo diminuiu 99% em mais de 100 anos e os custos globais caíram 26% nos últimos 28 anos.

Os argumentos para a devastação normalmente ignoram a adaptação, o que reduzirá drasticamente a vulnerabilidade. Embora a pesquisa climática sugira que menos furacões futuros, porém mais fortes, aumentarão os danos, esse efeito será combatido por sociedades mais ricas e resilientes. O custo global dos furacões provavelmente cairá de 0,04% do PIB hoje para 0,02% em 2100.

A pesquisa sobre economia climática mostra que o custo total das mudanças climáticas não tratadas é negativo, mas moderado, provavelmente equivalente a uma redução de 3,6% no PIB total.

As políticas climáticas também têm custos que muitas vezes superam amplamente seus benefícios climáticos. O Acordo de Paris, se totalmente implementado, custará de US$ 819 a US$ 1.890 bilhões por ano em 2030, mas reduzirá as emissões em apenas 1% do que é necessário para limitar o aumento médio da temperatura global a 1,5°C. Cada dólar gasto em Paris provavelmente produzirá benefícios climáticos no valor de 11 centavos.

Os impactos de longo prazo da política climática podem custar ainda mais. Os dois melhores cenários futuros do IPCC são o SSP1 “sustentável” e o SSP5 “acionado por combustível fóssil”. As atuais atitudes focadas no clima sugerem que visamos o mundo “sustentável”, mas o maior crescimento econômico no SSP5 na verdade leva a um bem-estar muito maior para a humanidade. Depois de ajustar os danos climáticos, o SSP5 deixará, em média, os netos dos pobres de hoje US$ 48.000 em melhor situação a cada ano. Reduzirá a pobreza em 26 milhões por ano até 2050, a desigualdade será menor e mais de 80 milhões de mortes prematuras serão evitadas.

Usando impostos de carbono, uma política climática realista ideal pode reduzir agressivamente as emissões e reduzir o aumento da temperatura global de 4,1°C em 2100 para 3,75°C. Isso custará US$ 18 trilhões, mas trará benefícios climáticos que valem o dobro disso. A meta popular de 2°C, por outro lado, não é realista e deixaria o mundo mais de US$ 250 trilhões em situação pior.

A política climática mais eficaz é aumentar o investimento em P&D verde para tornar a descarbonização futura muito mais barata. Isso pode gerar US$ 11 em benefícios climáticos para cada dólar gasto.

Políticas climáticas mais eficazes podem ajudar o mundo a melhorar. O discurso climático atual leva a políticas climáticas perdulárias, desviando a atenção e os fundos de formas mais eficazes de melhorar o mundo.

O texto acima é uma tradução livre do resumo de um artigo de Bjørn Lomborg publicado recentemente. Para ver o artigo completo, clique aqui.

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O Oriente bate no “colonialismo” climático do Ocidente

Os comentários explosivos do primeiro-ministro indiano Narendra Modi não são uma surpresa para quem tem observado de perto a oposição da Índia e da China à pressão ocidental para a adoção de políticas climáticas contrárias aos objetivos econômicos dos dois países.

“A mentalidade colonial não acabou”, disse Modi em um evento do Dia da Constituição. “Estamos vendo nos países desenvolvidos que o caminho que os fez se desenvolver está se fechando para os países em desenvolvimento… Se falarmos em emissões cumulativas de carbono absolutas, os países ricos emitiram 15 vezes mais de 1850 até agora… A emissão per capita também é 11 vezes maior nos EUA e na UE”.

No passado, outros primeiros ministros chamaram a atenção para a natureza colonial da política climática. No entanto, esta é a primeira vez que Modi recorda publicamente, neste contexto, o colonialismo dos séculos 18 e 19, quando os países ocidentais negaram direitos básicos e autonomia à Índia e outras colônias.

O imperialismo do carbono não é um mito. O sucesso econômico da sociedade ocidental moderna é fruto da era industrial impulsionada pelos combustíveis fósseis. Mesmo no século 21, todas as principais economias desenvolvidas dependem desses combustíveis para suas necessidades de energia primária. Negar o mesmo crescimento para os países em desenvolvimento é hipocrisia tingida com o colonialismo sob o qual os destinos de bilhões foram decididos pelos líderes do Ocidente industrializado.

“São feitas tentativas para fechar o caminho e os recursos para as nações em desenvolvimento por meio dos quais as nações desenvolvidas chegaram onde estão hoje”, disse Modi. “Nas últimas décadas, uma teia de terminologias diferentes foi tecida para isso. Mas o objetivo sempre foi interromper o progresso das nações em desenvolvimento. A questão do meio ambiente também está sendo tentada a ser levada para esse fim. Vimos um exemplo disso na recente Cúpula da COP26… Hoje nenhuma nação existe como colônia de qualquer outra nação. (Isso) não significa que (a) mentalidade colonial acabou… Ainda assim, fala-se à Índia sobre conservação ambiental”.

Modi também chamou os ativistas indianos, legisladores e organizações que defendem uma postura anti-fóssil. Culpando-os por impedir o progresso, ele disse: “Infelizmente, também temos pessoas em nosso país que impedem o desenvolvimento da nação em nome da liberdade de expressão, sem compreender as aspirações da nação. Essas pessoas não suportam o fardo, mas as mães que não recebem eletricidade para seus filhos suportam”.

Modi está certo. Centenas de milhões na Índia não têm acesso à eletricidade ininterrupta. O que as pessoas nos países desenvolvidos consideram normal ainda é um luxo para milhões aqui. As mães fazem trabalho manual por horas, as crianças não têm eletricidade para estudar para os exames e as indústrias perdem milhões de dólares em equipamentos danificados devido à energia elétrica não confiável. A interrupção da eletricidade impede até procedimentos médicos em hospitais rurais. Sem eletricidade confiável, a Índia não pode alcançar o crescimento econômico no ritmo acelerado necessário para tirar 300 milhões de pessoas da pobreza.

Enquanto isso, os indianos têm alguns dos níveis mais baixos de emissões de carbono per capita. A emissão per capita da Índia foi medida em apenas 1,91 toneladas por ano (2016), enquanto a dos EUA foi de 15,52 e a do Canadá, de 18,58.

Além disso, não há evidências de que as emissões globais de CO₂ possam causar um aquecimento catastrófico. As previsões apocalípticas são projeções de modelos de computador que provaram ser defeituosas. Esses modelos (usados ​​por alarmistas do clima da ONU e outros) exageram muitas vezes o aquecimento, pois são projetados para serem ultrassensíveis às emissões humanas de CO₂. Portanto, não há nenhuma boa razão para a Índia ceder à pressão climática do Ocidente.

Demorou muito para o líder de 1,3 bilhão de pessoas denunciar a hipocrisia fedorenta das elites ocidentais e suas tentativas intermináveis ​​de ditar a política energética de países nos quais não foram eleitos. No entanto, o passo ousado de Modi para rotular os líderes ocidentais com uma “mentalidade colonialista” marca uma virada importante na política climática global.

Por Vijay Jayaraj. Tradução livre de comentário que foi publicado pela primeira vez pela American Greatness em 16 de dezembro de 2021. Vijay Jayaraj é Pesquisador Associado da CO₂ Coalition em Arlington, VA., e possui mestrado em ciências ambientais pela Universidade de East Anglia, Inglaterra. Ele reside em Bengaluru, Índia.

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Outra imagem que vale mais que mil palavras…

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Adorei essa!

“Um hectare de soja consegue sequestrar de 10 a 15 ton/ha de CO₂ do ar. Um hectare de milho, de 15 a 20 ton/ha de CO₂. Um hectare de pastagem, de 2 a 3 ton/ha. Em um ano, no ciclo agrícola de soja + milho safrinha + pastagem, retira-se do ar cerca de 30 ton/ha de CO₂. Um hectare de floresta tropical não sequestra mais de 15 ton/ha de CO₂ por ano. A agricultura sequestra mais CO₂ que as florestas. Fonte: Embrapa Cerrado, 2007. Não é a agricultura que vai acabar com o mundo, é a ignorância”…

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