Search Results for 'fracking'

Fracking

As emissões de CO₂ nos EUA estão em seu nível mais baixo em 20 anos. E não é por causa da energia eólica ou solar…

Condições meteorológicas em todo o mundo neste verão no hemisfério Norte proporcionaram combustível suficiente para o debate sobre o aquecimento global. Secas e ondas de calor são um prenúncio do nosso futuro? Reduções das emissões de CO₂ seriam necessárias agora, mais do que nunca, já que políticas significativas ainda não foram promulgadas?

Mais além deste campo de batalha bem trilhado, algo incrível aconteceu: as emissões de CO₂ nos EUA caíram para o seu nível mais baixo em 20 anos. Estimativas com base em dados da Agência de Informação de Energia (EIA) dos EUA dos primeiros cinco meses de 2012 indicam que se espera uma diminuição das emissões de CO₂ em mais de 800 milhões de toneladas, ou 14% desde o seu pico em 2007.

A causa é uma mudança sem precedentes para o gás natural, que emite 45% menos CO₂ por unidade de energia. Os EUA usavam o carvão para gerar cerca de metade da sua eletricidade, e cerca de 20% com o gás. Nos últimos cinco anos, esses números mudaram, primeiro devagar e agora drasticamente: em abril deste ano, a participação do carvão na geração de energia elétrica despencou para apenas 32%, igualando-se ao gás natural que vem aumentando.

A mudança rápida dos EUA para o gás natural é o resultado de três décadas de inovação tecnológica, em particular o desenvolvimento do fraturamento hidráulico, ou “fracking”, que permitiu a exploração de grandes recursos de gás de folhelho antes inacessíveis. Apesar de algumas preocupações legítimas com relação à segurança, é difícil encobrir os avassaladores benefícios.

Para começar, o “fracking” fez com que os preços da gasolina caíssem nos EUA drasticamente. Ajustado pela inflação, o gás natural nunca foi tão barato nos últimos 35 anos, com o preço este ano de três a cinco vezes menor do que era em meados da década de 2000. E, enquanto uma economia “verde” pode explicar apenas uma pequena porção da redução das emissões de CO₂ dos EUA, a EIA enfatiza que a explicação mais importante é – de longe – o gás natural.

A redução é ainda mais impressionante quando se considera que 57 milhões de consumidores de energia elétrica foram adicionados à população dos EUA durante as últimas duas décadas. De fato, as emissões de CO₂ dos EUA caíram cerca de 20% per capita, e estão agora em seu nível mais baixo desde que Dwight D. Eisenhower deixou a Casa Branca em 1961.

David Victor, especialista em energia da Universidade da Califórnia em San Diego, estima que a mudança do carvão para o gás natural reduziu as emissões de CO₂ dos EUA em 400 a 500 milhões de toneladas de CO₂ por ano. Para colocar esse número em perspectiva, é cerca de duas vezes o efeito total do Protocolo de Kyoto sobre as emissões de CO₂ no resto do mundo, incluindo a União Europeia (UE).

É tentador acreditar que as fontes de energia renováveis são responsáveis pelas reduções das emissões, mas os números dizem claramente o contrário. Representando uma redução de 50 milhões de toneladas de CO₂ por ano, as 30.000 turbinas eólicas dos EUA reduziram as emissões em apenas um décimo do que o gás natural fez. Os biocombustíveis reduziram as emissões em apenas 10 milhões de toneladas, e os painéis solares em míseros 3 milhões de toneladas.

Isto é mais que uma ducha de água fria no pensamento convencional, que continua a afirmar que a obrigatoriedade de reduções das emissões de CO₂ através de cap-and-trade ou impostos sobre o CO₂ são as únicas maneiras de combater as “mudanças climáticas”.

Com base na experiência da Europa, porém, essas políticas são precisamente o caminho errado para combater o suposto “aquecimento global”. Desde 1990, a UE tem subsidiado fortemente a energia solar e a eólica, a um custo de mais de US$ 20 bilhões anualmente. No entanto, suas emissões per capita de CO₂ caíram por menos da metade da redução obtida nos EUA. Mesmo em termos percentuais, os EUA agora estão fazendo melhor.

Por causa do amplo ceticismo europeu sobre o “fracking”, não há o milagre do gás natural na UE, enquanto a abundância das energias renováveis fortemente subsidiadas causou o não cumprimento da meta de CO₂, junto com o encerramento de centrais nucleares alemãs, o que levou, ironicamente, a um ressurgimento do carvão por lá.

Políticos bem-intencionados dos EUA têm igualmente mostrado como não combater o aquecimento global com subsídios e incentivos fiscais. A redução relativamente pequena nas emissões alcançada através da energia eólica custa mais de US$ 3,3 bilhões por ano, e reduções muito menores dos biocombustíveis e painéis solares custam pelo menos US$ 8,5 e US$ 3 bilhões anualmente.

As estimativas sugerem que o uso de taxações das emissões de carbono para alcançar mais de 330 milhões de toneladas de redução de CO₂ na UE custariam US$ 250 bilhões por ano. Enquanto isso, a bonança do “fracking” nos EUA não só proporciona uma redução muito maior e de graça, mas também cria a longo prazo benefícios sociais através dos custos mais baixos de energia.

A verdade surpreendente é que o “fracking” teve sucesso onde Kyoto e os impostos e taxas sobre as emissões de carbono falharam. Como mostrado em um estudo realizado pelo Breakthrough Institute, o “fracking” foi construído com o investimento substancial do governo em inovação tecnológica por três décadas.

Economistas climáticos repetidamente apontaram que a inovação em fontes de energia seria a solução mais eficaz para as “mudanças climáticas”, porque seria o caminho certo para levar o preço das futuras fontes de energia “verde” abaixo dos combustíveis fósseis. Por outro lado, a corrente dos subsídios potencializa a ineficiência da energia solar fotovoltaica ou dos biocombustíveis, principalmente porque desperdiça o dinheiro enquanto beneficia interesses especiais.

O “fracking” não é a panaceia, mas realmente é a melhor opção desta década em termos de energia “verde”.

O texto acima é uma tradução livre de um artigo de Bjørn Lomborg que foi publicado originalmente pelo Project Syndicate.

.

Como diminuir a pegada humana: e como voltar à natureza seria um desastre para a natureza

Matt Ridley

Bizarramente, a maioria das políticas instadas pelo movimento ambientalista aumentaria a extensão de terra que cada pessoa precisa para sustentar seu estilo de vida.

Para sustentar nosso estilo de vida atual, nós seres humanos necessitamos de 1,4 planetas. Esse é o número calculado por uma misteriosa organização chamada Global Footprint Network, que define a pegada ecológica como “uma medida da quantidade de terra biologicamente produtiva e água que um indivíduo, uma população ou atividade requer para produzir todos os recursos que consomem e para absorver o lixo que produzem utilizando a tecnologia predominante e práticas de gestão de recursos”. Em resumo, estamos consumindo a comida, os combustíveis e as fibras da Terra a uma velocidade 1,4 vezes mais rápida do que eles podem ser repostos.

Na verdade, este número é enganador, quase ao ponto da desonestidade. Mais da metade dele consiste da terra que cada pessoa necessitaria para plantar árvores com as quais absorveria suas próprias emissões de carbono. Se for levada em consideração a visão de que podemos cortar as emissões, ou encontrar maneiras melhores de isolá-las, ou até mesmo lidar com pelo menos algum aumento, então a pegada diminui e estamos vivendo folgadamente dentro das condições do nosso meio ecológico.

Mesmo se esse número da pegada estiver certo, a questão interessante é se ele está ficando maior ou menor. Argumentarei que a pegada ecológica da atividade humana provavelmente está diminuindo em um ritmo acelerado e que estamos nos tornando mais sustentáveis, não menos, na maneira de usarmos o planeta. Em resumo, o mais sustentável que podemos fazer, e o melhor para o planeta, é acelerar as mudanças tecnológicas e o crescimento econômico.

Espero que tenha conseguido a sua atenção. Não acredita em mim? Então me deixe começar com o meu próprio estilo de vida. Estou sentado em uma casa com aquecimento central, vestindo um casaco de tecido sintético, meias de lã, sapatos de couro e calças e camisa de algodão. Acabei de comer uma tigela de cereais com leite e tomei um copo de suco de manga e maracujá importados.

Você concordará que, em termos ecológicos, esta vida é a mais infame que se possa imaginar. Poços de gás natural e petróleo, campos de algodão e de aveia, pastos para o gado e as ovelha, pomares de maracujá e de manga no mundo todo estão desviando a sua produção para mim. Acres e mais acres apenas para sustentar o meu estilo de vida.

Sim, mas suponha que eu desista de tudo isso e decida me tornar um caçador coletor, vestido de pele de animais, possuindo pouco mais do que lenha, ferramentas de pedra feitas em casa, cestos de vime e contas de conchas. Caço veados enquanto minha esposa cava a terra à procura de raízes. De quanta terra eu precisaria? A resposta surpreendente é que eu precisaria de cerca de 1.000 hectares, exceto se eu vivesse em uma planície tropical bem irrigada à beira de um fecundo rio, mas se eu morasse – como, de fato, moro – onde uma vez foi uma fria floresta boreal de carvalhos. Essa é a extensão de terra que o estilo de vida do caçador coletor requer. Se 6,8 bilhões de nós tentassem viver como caçadores coletores, precisaríamos de 18 planetas (54 se não pudéssemos explorar o oceano). Voltar à natureza seria um desastre para a natureza.

Em poucas palavras, a coisa mais sustentável que podemos fazer, e o melhor para o planeta, é acelerar as mudanças tecnológicas e o crescimento econômico.

É claro, caçadores coletores caminham pela terra com passos mais leves do que eu. Mas mesmo os amplamente dispersos caçadores de 50.000 anos atrás causaram muitos danos ecológicos. Os registros ecológicos de Israel, da Turquia e da Itália revelam que os primeiros seres humanos modernos em torno do Mediterrâneo deixaram de se alimentar de cavalos, rinocerontes, mamutes, bisões e tartarugas e passaram a comer coelhos, lebres, pombos e pequenas gazelas. Razão: eles haviam destruído as espécies de reprodução lenta. Caçadores coletores causaram espasmos de extinção quando chegaram à Austrália, América do Norte, Madagascar e Nova Zelândia.

A característica mais notável da agricultura, quando esta foi inventada há 10.000 anos atrás, era o quanto a sua pegada era menor. Os primeiros agricultores precisavam de cerca de dez hectares cada para sustentar o seu estilo de vida – um centésimo do que o caçador coletor precisava. Da mesma maneira, a introdução dos combustíveis fósseis, há 200 anos, diminuiu ainda mais a pegada e interrompeu o desmatamento: nos anos 1700, a indústria de ferro britânica perecia pela falta de combustível (madeira) em uma ilha já muito desmatada. Um século depois, a Grã-Bretanha estava queimando carvão equivalente à produção de uma floresta do tamanho da Escócia e as árvores estavam se propagando novamente.

Na verdade, de volta ao meu estilo de vida, cada item que eu uso hoje necessita de menos terra para ser produzido do que precisava no passado. Meu casaco sintético veio de um poço de petróleo, enquanto o suéter que eu costumava usar em dias frios como este veio de uma fazenda de ovelhas. A pegada do sistema de produção do tecido sintético – poço, refinaria, fábrica e loja – é minúscula se comparada com a terra necessária para a criação de ovelhas. Minhas meias, sapatos, camisa e o café da manhã precisam de cerca de metade da extensão de terra necessária para serem produzidos do que precisavam antes do surgimento dos fertilizantes sintéticos. Meu aquecimento central a gás natural precisa de muito menos do que uma fogueira.

Vamos dar uma olhada nos alimentos de maneira um pouco mais detalhada. Quando os campos eram cultivados com bois ou cavalos, que também precisavam de pasto, 25% a mais precisava ser reservado apenas para alimentá-los, de acordo com o especialista em energia canadense Vaclac Smil. A introdução do trator reduziu a pegada humana. Nos últimos 50 anos, graças às inovações genéticas, aos defensivos e aos fertilizantes, a quantidade de cereais cultivados no mundo quase triplicou, mesmo que a extensão dos campos de cereais tenha permanecido praticamente a mesma – pouco menos de 700 milhões de hectares.

Se tentássemos alimentar a população atual de 6,8 bilhões de pessoas usando os métodos de 1960, teríamos que cultivar 82% da área de terra do planeta ao invés de 34%, calcula o economista Indur Goklany. Isso significaria lavrar uma área extra do tamanho da América do Sul sem o Chile.

A maior inovação de diminuição de terras de todas é a capacidade de extrair nitrogênio do ar através do processo de Haber. A agricultura orgânica tira o seu nitrogênio do ar também, mas através de plantas como o trevo e utilizando o gado no processo – e isso requer mais terra. Alimentar o mundo com agricultura orgânica exigiria uma população de mais sete bilhões de cabeças de gado pastando em 30 bilhões de acres a mais, apenas para suprir o adubo.

Mas deixemos de lado a comida. O mesmo ocorre com as fibras. Algodão, lã, seda e linho ainda exigem terra, mas suas produções dobraram desde a introdução dos fertilizantes sintéticos. Em muitos casos, eles deram lugar às fibras “fabricadas pelo homem”, provenientes de fontes mais eficientes. A extensão de terra necessária para vestir um homem ou uma mulher diminui continuamente.

Voltar à natureza seria um desastre para a natureza.

Similarmente, os combustíveis. Uma fogueira precisa de até dez acres de área florestal intensamente ceifada apenas para aquecer uma casa; mais se você cozinhar o ano todo. Um típico poço de gás natural de folhelho na Pensilvânia ocupa metade de um acre e produz 50.000 metros cúbicos por dia, o suficiente para aquecer 150 casas. Isso significa que a terra necessária para produzir o seu combustível pode ser 1/3000 do que seria se você dependesse da madeira. Por isso, uma das melhores maneiras de aliviar a pressão sobre as florestas na Ásia e na África é proporcionar combustíveis fósseis às pessoas – por exemplo, na forma de eletricidade.

O transporte também requer menos terra do que antigamente. Enquanto um cavalo precisa de mais de um acre de pasto e pode transportar uma pessoa 30 milhas por dia, um poço de petróleo na Califórnia produz, todos os dias, em menos de meio acre de extensão, gasolina suficiente para transportar 200 pessoas por 30 milhas. Mesmo se levarmos em conta estradas, pistas, refinarias e fábricas de automóveis, a diferença em passageiros por milhas por acre é esmagadora. Cada melhoramento na eficiência dos combustíveis é uma redução da extensão necessária para produzi-los.

Moradia também requer menos terra do que antigamente: concreto e aço vêm de pedreiras e fábricas com pegadas minúsculas comparadas com as concessões madeireiras. Inclua o efeito da urbanização, com as pessoas deslocando-se para as cidades em um ritmo acelerado ao redor do mundo, e a extensão de terra necessária para abrigar cada pessoa está diminuindo.

Até para pequenos luxos como a luz artificial observa-se um declínio da necessidade de terra. Para manter sua casa iluminada com velas de sebo, cera de abelha ou óleo de baleias, ou com as antigas lamparinas babilônicas queimando óleo de sésamo, requerer-se-iam muitos acres de pasto, flores ou solo oceânico. Agora só é necessário um buraco no chão: uma mina de carvão na superfície produz quase tanta eletricidade por acre quanto um campo de milho produziria em 2000 anos.

Então, meu ponto é simplesmente esse: a necessidade de terra do homem – medida em acres para produzir alimentos, acres para produzir fibras, combustíveis, abrigo, iluminação – estão todas diminuindo cada vez mais, e vem diminuindo por um longo período de tempo. Como, então, é possível argumentar que estamos cada vez mais, e mais, insustentavelmente em dívida com o banco ecológico do planeta?

Para esta pergunta, você ouvirá três respostas comuns. Primeira: população. O explosivo aumento populacional em oito vezes nos últimos 200 anos foi maior do que a diminuição da necessidade de terra por pessoa. Segunda: recursos finitos. Só é possível produzir certa quantidade por acre queimando muito petróleo, carvão e gás natural, que são a energia solar armazenada de eras passadas, e irão logo esgotar-se. Terceira: poluição. O aumento da produção por acre foi alcançado às custas da poluição do ar, da água e das mudanças climáticas.

Quanto à população, é verdade que qualquer redução da terra usada por pessoa no século XX foi menor do que a quadruplicação da população. Suponha que o processo de Haber, no qual o nitrogênio é extraído do ar, nunca tivesse sido inventado. O século XX certamente teria assistido terríveis penúrias (e crescimento populacional muito menor). Suponha que os combustíveis fósseis não tivessem sido aproveitados no século XIX. A Revolução Industrial britânica teria sido interrompida assim que todos os córregos dos montes Peninos passassem a ser explorados com moinhos de água. Foi pela diminuição da extensão de terra necessária por pessoa, alcançada por essas inovações e muitas outras, que se tornou possível o imenso crescimento da população.

Esta é a versão do Paradoxo de Jevons, que recebeu o nome de um economista do século XIX, Stanley Jevons. Ele assinalou que, quando os produtos ficam mais baratos, as pessoas utilizam-se mais deles, de modo que a redução do preço da energia levou ao uso mais esbanjador da energia, enquanto o aumento da disponibilidade de alimento levou à sobrevivência de mais bebês. Hoje utilizamos os acres poupados para auxiliar-nos a acender a luz, dirigir Hummers, comer mangas e comprar mansões de uma maneira que impressionaria nossos frugais ancestrais.

Porém, bizarramente, graças a um fenômeno mundial conhecido como transição demográfica, quanto mais ricos, saudáveis e urbanizados nos tornamos, menos bebês nós temos. O ritmo do crescimento populacional têm tido uma diminuição tão abrupta e veloz que a taxa à qual o mundo está adicionando pessoas – em números reais, não apenas em porcentagem – caiu pelos últimos 22 anos. Até mesmo na África a taxa de nascimentos está caindo rapidamente. As Nações Unidas estimam que a população mundial irá parar de crescer completamente quando alcançar em torno de 9,3 bilhões de habitantes em algum ponto depois do ano 2060.

Isso significa que, longe de dobrar como no século XIX, ou quadruplicar como no século XX, a população mundial terá sido multiplicada menos de 1,5 vezes durante este século. A decrescente necessidade de terra para a vida começará a ter mais e mais impacto. À medida que a taxa de crescimento da população desacelera, a pegada da humanidade passará a encolher. Até 2070, cada redução no uso de terra por pessoa será um ganho para toda a espécie.

Na verdade, isso já está acontecendo agora. A costa leste dos Estados Unidos foi uma vez intensamente cultivada. Hoje em dia ela consiste em ilhas de cultivo em um mar de florestas. Em grande parte das Terras Altas da Escócia, o gado e as ovelhas deixaram os montes para os veados. Se não houvesse subsídios e barreiras tarifárias, uma quantidade muito maior de terra deixaria de produzir no rico Ocidente.

Sim, mas como os recursos são finitos, certamente ficaremos sem petróleo, gás, fósforo, cobre, níquel ou quaisquer outras fontes não renováveis? Primeiramente é preciso observar o surpreendente fato de que são os recursos não renováveis que continuamente se esgotam: os mamutes, as baleias azuis, os arenques, os pombos-passageiros, as florestas de pinho branco, os cedros do Líbano, o guano. Em contraste, não há nenhum recurso renovável que tenha se esgotado ainda: nem cobre, petróleo, carvão, ferro, urânio, silício ou pedra. “É uma das previsões mais seguras”, escreveu o economista Joseph Schumpeter em 1943, “que em um futuro calculável viveremos em uma abundância de opções de supérfluos (vergonha de riqueza), tanto de alimentos quanto de matérias-primas, devido à expansão da produção total com a qual saberemos lidar. Isso se aplica aos recursos minerais também”.

Assim, meu ponto é simplesmente este: a necessidade humana de terras – medida em acres para produzir alimentos, acres para produzir fibras, combustíveis, abrigo ou iluminação – está ficando menor e menor, e tem sido assim por muito tempo.

Considere a humilhante falha das previsões feitas pelo modelo de computador chamado World3 no início dos anos 1970. O World3 tentou prever a capacidade de suporte dos recursos do planeta e concluiu, em um relatório chamado “Limites ao Crescimento”, de autoria do Clube de Roma, que o uso exponencial poderia esgotar o abastecimento mundial de zinco, ouro, estanho, cobre, petróleo e gás natural até 1992, e causar um colapso da civilização e da população no século subsequente. O relatório “Limites ao Crescimento” foi enormemente influente, com livros-texto escolares repetindo suas previsões sem as ressalvas. “Alguns cientistas estimam que os suprimentos conhecidos de petróleo, estanho, cobre e alumínio serão utilizados enquanto você estiver vivo”, dizia um deles. “Os governos devem ajudar a salvar nosso suprimento de combustíveis fósseis fazendo leis que limitem o seu uso”, opinava outro.

A verdade é que, à medida que as melhores fontes de cobre, fósforo ou petróleo esgotam-se e novas técnicas de extração são inventadas, as reservas antes não tão boas tornam-se economicamente viáveis. Nos últimos anos, a perfuração horizontal e o fraturamento hidráulico (fracking) para a extração de gás de folhelho dobraram as reservas americanas de gás natural acessível e barato; a mesma tecnologia está agora sendo experimentada na Europa, Ásia e Austrália e promete uma abundância de gás natural que durará por décadas. Mesmo que o petróleo convencional se torne escasso, as areias betuminosas, o xisto betuminoso e o gás metano assegurarão o suprimento de combustíveis fósseis por pelo menos um século, talvez por muito mais tempo. Eles serão substituídos no mercado pela energia nuclear ou solar barata muito antes de fisicamente esgotarem-se.

Muito bem, mas um recurso que certamente se esgotará, e talvez muito em breve, é a capacidade da terra de absorver o nosso lixo. Se você procura a pegada ecológica humana, não busque apenas na terra, mas no mar, nos rios e no ar. É por isso que a Global Footprint Network enfatiza tanto o sequestro de carbono. A extensão de terra necessária para retirar o dióxido de carbono do ar é vasta. Mas mesmo aqui existem vários tipos de tendências de melhoramentos. O rio Hudson e o Tâmisa têm menos esgoto e mais peixes. A cidade de Pasadena tem menos poluição. Os ovos de aves suecas têm 75% menos poluentes do que nos anos 1960. As emissões americanas de monóxido de carbono dos transportes diminuíram 75% em 25 anos. O lixo radioativo de testes de armas e acidentes nucleares diminuiu 90% desde o início dos anos 1960.

Quanto ao dióxido de carbono, a descarbonização já está acontecendo. O engenheiro italiano Cesare Marchetti elaborou um gráfico do uso de energia pelo homem nos últimos 150 anos, enquanto ocorria a transição da madeira para o carvão, para o petróleo e para o gás natural. Em cada caso, a proporção de átomos de carbono e átomos de hidrogênio caiu, de 10 na madeira para 1 no carvão, para ½ no petróleo, para ¼ no metano. Graças ao gás de folhelho barato, o metano pode muito em breve eliminar o carvão – o combustível mais rico em carbono – do mercado de eletricidade. Em 1800, os átomos de carbono faziam 90% da combustão, mas em 1935 a proporção era 50:50 entre carbono e hidrogênio e, até 2100, 90% da combustão pode vir do hidrogênio – provavelmente feita através de eletricidade nuclear ou solar. O especialista em energia Jesse Ausubel prevê que “se o sistema de energia for deixado funcionar ao seu próprio ritmo, a maior parte do carbono será eliminado até 2060 ou 2070”.

É claro que essas mudanças podem não acontecer a tempo de impedir as mudanças climáticas. (Contudo, eu argumentaria que as evidências mostram que as mudanças climáticas têm sido moderadas e vagarosas por muitas décadas até agora – um argumento para uma outra oportunidade). Mas o fato é que as coisas estão caminhando na direção certa. A pegada está encolhendo.

Então, é com incredulidade que assisto os governos do mundo assiduamente tentando aumentar a pegada ecológica humana enquanto alegam estarem salvando o planeta. Eles exaltam o cultivo orgânico, que significa um aumento maciço na terra necessária para a agricultura. (Não me leve a mal: eu não tenho nada contra as pessoas comprarem produtos orgânicos; eu apenas tenho objeções a elas me dizerem que é uma coisa mais ética a se fazer). E quase todas as medidas defendidas para combaterem as mudanças climáticas – energia eólica, das ondas, solar, das marés, hidrelétrica e, acima de todas, os biocombustíveis – aumentariam a extensão de terra necessária para sustentar o estilo de vida humano.

Se os Estados Unidos produzissem o seu próprio combustível para transporte como biocombustíveis (biodiesel, etanol), por exemplo, seria necessário 30% de terra cultivável a mais do que atualmente é utilizada para a produção de alimentos. Onde seriam cultivados os alimentos? O esquema dos biocombustíveis é verdadeiramente um erro terrível, um “crime contra a humanidade”, nas palavras de Jean Ziegler, a relatora especial das Nações Unidas do Direito à Alimentação. Entre 2004 e 2007, a colheita mundial de milho aumentou 51 milhões de toneladas, mas 50 milhões de toneladas foram para o etanol, não deixando nada para suprir o aumento da demanda: por isso ocorreu o aumento dos preços dos alimentos em 2008, causando tumultos e fome. Na realidade, motoristas americanos estavam tirando carboidratos das bocas dos pobres para encherem seus tanques.

Isso poderia ser aceitável se o biocombustível tivesse um grande benefício ambiental. Mas o benefício ambiental do biocombustível não é apenas ilusório; ele é negativo. Cada acre de milho ou cana de açúcar requer combustível de tratores, fertilizantes, defensivos, combustível de caminhões e combustíveis para a destilação – os quais são feitos de combustíveis fósseis. Então a pergunta é: quanto combustível é necessário para produzir combustível? Resposta: a mesma quantidade. Dependendo de qual estudo você cita, cada unidade de energia empregada no cultivo de milho para etanol produz 71% a 134% em produção de energia. A perfuração e o refino de petróleo, em contraste, geram um retorno de 600% ou mais da energia utilizada.

A chave é que as coisas estão indo na direção certa. A pegada está encolhendo.

Cada incremento no preço do grão causado pela indústria do etanol significa mais pressão nas florestas, cuja destruição é a forma mais eficiente de se adicionar dióxido de carbono à atmosfera. Além disso, são necessários cerca de 130 galões de água para cultivar e 5 galões para destilar apenas um galão de etanol de milho – supondo que apenas 15% da safra é irrigada. Pelo contrário, são necessários menos de três galões de água para extrair e dois galões para refinar um galão de gasolina. Cumprir o objetivo dos Estados Unidos de produzir 35 bilhões de galões de etanol por ano requereria usar a quantidade de água consumida por ano por toda a população da Califórnia. Não tenha dúvida: a indústria do biocombustível aumenta amplamente a pegada humana.

O mesmo é verdade em relação a outros renováveis. Para se ter uma ideia de como eles consomem espaço, considere que para suprir os atuais 300 milhões de habitantes dos Estados Unidos, com a sua atual demanda de energia de aproximadamente 10.000 Watts cada (2.400 calorias por segundo), seriam necessários: painéis solares do tamanho da Espanha; ou parques eólicos do tamanho do Cazaquistão; ou bosques do tamanho da Índia e do Paquistão; ou campos de feno para os cavalos do tamanho da Rússia e do Canadá juntos; ou usinas hidrelétricas com represas um terço maiores do que todos os continentes juntos.

Um engenheiro chamado Saul Griffith tem um nome para essas porções de terra: Renewistan. Ele calcula que para manter o nível de dióxido de carbono em 450 partes por milhão, a área dedicada à energia renovável ocuparia um espaço do tamanho da Austrália. Mas não fique com a impressão de que esse é um jeito benigno, suave e verde de utilizar a terra. Um parque eólico na Califórnia mata 24 águias-douradas por ano e pelo menos 2.000 outras aves de rapina; cada turbina nos Apalaches necessita de quatro acres de floresta desmatados. Painéis solares requerem enormes quantidades de aço e concreto. As barragens de marés mudam a ecologia dos estuários. Todos os renováveis precisam estar ligados através de longas filas de postes de energia. Gerar a energia que mantém o ritmo da civilização com energia renovável significaria voltar ao hábito medieval de industrializar a paisagem, mas com uma população dez vezes maior.

Eis um modo diferente de se pensar a pegada humana. Helmut Haberl, da Universidade de Viena, calculou que das 650 bilhões de toneladas de carbono potencialmente absorvidas do ar pelas plantas a cada ano, seres humanos utilizam cerca de 23% para o seu próprio uso: 80 bilhões de toneladas são colhidos, 10 são queimados e 60 são impedidos de crescer por causa de arados, ruas e cabras, deixando 500 para sustentar todas as outras espécies. Isso é o que Haberl chama de AHPPL: Apropriação Humana da Produção Primária Líquida (HANPP em inglês).

Ela varia muito de uma região para outra. Na Sibéria e na Amazônia, talvez 99% da produção de plantas sustenta a vida selvagem, e não pessoas. Em muitas partes da África e da Ásia central, as pessoas reduzem a produtividade da terra mesmo apropriando-se de um quinto da produção – um pasto onde os animais pastam demais, ao ponto de danificarem a vegetação, sustenta menos cabras do que sustentaria antílopes, se fosse selva.

Mas na Europa ocidental e no leste asiático – e este é o ponto crucial – as pessoas aumentam a produtividade da terra a tal ponto que, na verdade, elas aumentam o fluxo de energia para a natureza, mesmo que tomem metade da produção para si. Graças ao processo de Haber, tanto a população quando a vida selvagem na Europa tem mais para comer.

Isso na verdade suscita otimismo, porque sugere que a intensificação da agricultura na África e Ásia central poderia alimentar mais pessoas e ainda dar mais sustento a outras espécies também. Harber diz: “Essas descobertas sugerem que, em uma escala global, pode haver um considerável potencial para elevar a produção agrícola sem necessariamente aumentar a AHPPL”.

De longe, a melhor maneira de reduzir a pegada humana no tamanho desejado no século 21 é a utilização de mais tecnologia para aumentar a produtividade.

A pegada ecológica da humanidade é muito grande. É nosso dever encolhê-la. Mas regredir à agricultura orgânica, à autossuficiência, às energias renováveis ou até mesmo à caça e coleta apenas a aumentará, à custa de outras espécies. A melhor maneira de diminuir o tamanho da pegada no século XXI é usar mais tecnologia para aumentar a produtividade, mais fertilizantes para aumentar a produção, mais gás natural – o combustível fóssil menos rico em carbono, menos consumidores famintos por mais terras, possivelmente mais abundantes – para amplificar o trabalho humano e mais prosperidade para diminuir as taxas de natalidade.

Então nossos netos poderão viver vidas de grande riqueza, saúde e sabedoria, enquanto rodeados da vasta natureza selvagem. Mais cidades e mais tigres. Esse é o meu sonho.

O texto acima é uma tradução livre do ensaio de Matt Ridley publicado em 2 de junho de 2010, a capa é a figura no início. Para ver o original, clique aqui

.

Obama deve enfrentar as fantasias das mudanças climáticas

O discurso do presidente Obama promoveu políticas tanto brilhantes quanto inúteis. Eis aqui o porquê:

A nova política climática que o presidente Obama delineou nessa terça-feira inclui ideias brilhantes e inúteis. A confusão decorre da falta de vontade de Obama de enfrentar três fantasias sobre o clima:

• As energias renováveis são uma parte importante da solução hoje? Não, elas são quase triviais. Hoje, o mundo recebe 81% da sua energia a partir de combustíveis fósseis – e em 2035, no cenário mais verde, ainda vai receber 79% da sua energia a partir de combustíveis fósseis. Energia eólica e solar vão aumentar de 0,8% para 3,2% – impressionante, mas não é o que vai fazer a diferença.

• Biocombustíveis devem desempenhar uma parte importante da solução? Não. Por enquanto, os biocombustíveis simplesmente desviam parte dos alimentos para os carros, elevando os preços dos alimentos e a fome, enquanto a substituição de florestas para novos campos agrícolas emite mais CO₂ do que evitam os biocombustíveis.

• A eficiência pode reduzir as emissões? Não. Embora a eficiência seja boa, os estudos mostram que as reduções das emissões têm pouco impacto no clima, pois suas economias são devoradas por mais uso. Como o seu carro fica mais eficiente, você o dirige ainda mais, e o dinheiro que você economiza ainda é usado para outras atividades emissoras de carbono.

Mas cuidadosamente implementado, o plano de Obama também mostra o caminho para as três verdades climáticas.

O fracking é a solução mais “verde” desta década. Obama reconhece o gás natural como um “combustível ponte”. Substituindo o sujo carvão, o gás natural mais barato do fracking cortou até 500 milhões de toneladas de emissões de CO₂ dos Estados Unidos. Isso é 10 vezes mais do que fariam as energias renováveis, embora as renováveis custem dezenas de bilhões de dólares aos norte-americanos. O fracking economizou ao consumidor dos EUA 125 bilhões dólares anualmente com os preços mais baratos da energia. O fracking tem problemas ambientais locais, mas todos eles podem ser resolvidos com uma boa regulamentação. Expandir o milagre do fracking nos EUA para o resto do mundo seria a maior fonte de redução das emissões de CO₂ nesta década, e, simultaneamente, aumentaria o bem-estar global, permitindo o acesso à energia a bilhões ainda não servidos.

A adaptação é inteligente, e Obama tem o direito de forçá-la. Terras secas, barreiras de maré e comportas no metrô de Nova York poderiam ter reduzido drasticamente o impacto do furacão Sandy, independentemente do quão pouco o aquecimento global impactou o furacão. Há muitas soluções mais, inteligentes e baratas, para os problemas do mundo real.

Finalmente, precisamos de inovação em energias “verdes” a longo prazo, que o presidente sugere financiar com 7,9 bilhões dólares no ano fiscal de 2014. Enquanto as energias “verdes” forem muito mais caras do que os combustíveis fósseis, serão sempre um nicho, subsidiadas pelos países ricos para se sentirem bem. Mas se a inovação fizer com que futuras fontes de energias “verdes” sejam mais baratas do que os combustíveis fósseis, todo mundo vai mudar. Assim como as pesquisas do Departamento de Energia dos EUA com o fracking em 30 anos fizeram o gás natural limpo mais barato do que o carvão e produziram uma redução histórica das emissões de CO₂, o dobro da redução na União Europeia, de acordo com o protocolo de Quioto.

A última fantasia climática que o presidente precisa enfrentar é a ideia de que as negociações internacionais podem de alguma forma provocar cortes significativos. Nós tentamos isso há mais de 20 anos e fracassamos, e fracassaremos novamente em 2015, em Paris. Mais de 180 países não vão reduzir significativamente suas emissões de CO₂ dos combustíveis fósseis, que impulsionam o seu crescimento econômico.

Em vez disso, o presidente deveria pedir ao resto do mundo para seguir a liderança dos EUA em inovação “verde”. Os modelos econômicos mostram que este é, de longe, a melhor política climática de longo prazo. Se todos investissem muito mais em inovação para baixar o custo futuro de energia “verde”, poderíamos substituir os combustíveis fósseis mais rapidamente e realmente resolver o aquecimento global.

O texto acima é uma tradução livre de um artigo de Bjørn Lomborg publicado em 25/06 no USA Today. Para ver o original, clique aqui

.

Boa notícia no Dia da Terra

A revolução do gás de folhelho tem reduzido as emissões de dióxido de carbono dos EUA.

Ano após ano, mensagens de destruição ambiental, de tristeza e advertências são veiculadas no Dia da Terra. Por trás desses sentimentos nos países ricos, os governos têm investido bilhões de dólares ineficientemente, sentindo-se bem com políticas de subsídios a painéis solares e carros elétricos.

Mas há maneiras muito melhores para melhorar as perspectivas ambientais para a humanidade e o nosso planeta. No Dia da Terra, precisamos de mais fracking, mais riqueza, mais investimentos inteligentes e menos subsídios ineficientes.

Contribuintes alemães despejaram 130 bilhões de dólares para subsidiar painéis solares, mas em última análise, até o final do século, isso vai adiar o aquecimento global em triviais 37 horas. Os carros elétricos são ainda menos eficientes. Sua produção consome uma grande quantidade de combustíveis fósseis e, principalmente, eles utilizam energia elétrica de combustíveis fósseis para serem recarregados. Mesmo que os EUA consigam chegar à meta ambiciosa de 1 milhão de carros elétricos até 2015 – custando aos contribuintes mais de 7,5 bilhões dólares – o aquecimento global seria adiada em apenas 60 minutos.

Essas políticas sedutoras custam uma fortuna, mas fazem pouca diferença para o meio ambiente porque as tecnologias ainda não estão prontas. É por isso que precisamos investir mais em pesquisa e desenvolvimento de longo prazo para a inovação verde. Isso seria muito mais barato do que as políticas ambientais atuais e acabaria fazendo mais bem para o clima.

Se pudéssemos fazer os painéis solares 2.0 ou 3.0 mais baratos do que os combustíveis fósseis, nós poderíamos fazer com que todos, incluindo os chineses e indianos, embarcassem em um futuro mais verde.

Além disso, o nosso foco em painéis solares e carros elétricos nos desvia dos problemas ambientais mais mortais do mundo. Nos países ricos, a maioria dos indicadores ambientais está ficando cada vez melhor. Temos um ar mais limpo e água limpa, e sofremos menos riscos ambientais. Mas a poluição do ar e da água mata 6 milhões de pessoas a cada ano e causa milhões de dólares de prejuízos em todo o mundo.

Os países ricos, em grande parte resolveram estes problemas através do desenvolvimento econômico.

Os países pobres devem ter a mesma oportunidade de se desenvolver – para que eles também possam ter água potável e mudar para fontes de energia mais limpas, em vez de usar esterco e galhos como combustível.

Os Ricos também podem intervir diretamente em países pobres. Muitas organizações humanitárias estão envolvidas em resolver esses problemas, melhorando o acesso à água potável e ao saneamento. Ao abordar esses desafios, fazemos muito mais o bem para o nosso planeta.

O Dia da Terra também apresenta uma oportunidade para reconhecer nossas próprias realizações ambientais. Apesar de décadas de disputas políticas, o que não conseguiu produzir uma política climática global significativa, foi, finalmente, a revolução do gás de folhelho, que reduziu as emissões de dióxido de carbono dos EUA.

O fracking causou uma dramática transição para o gás natural, um combustível que emite 45% menos dióxido de carbono do que a queima de carvão. Dados da Administração de Informação de Energia dos EUA mostraram que, em 2012, as emissões de dióxido de carbono foram 12% menores do que o pico em 2007. A mudança do carvão para o gás natural é o único responsável por uma redução de 8% a 9% de todas as emissões de CO₂ dos Estados Unidos. Na verdade, o que equivale ao dobro da redução que o resto do mundo conquistou ao longo dos últimos 20 anos.

Todos os projetos de energia têm riscos, e embora os perigos de contaminação do fracking provavelmente tenham sido exagerados, uma regulamentação mais rígida reduziria mais esses riscos. Além disso, o gás natural não é o último avanço energia porque ainda é um combustível fóssil. Mesmo assim, fracking é provavelmente a melhor opção verde desta década. E se o fracking acontecesse em todo o mundo, as emissões provavelmente diminuiriam substancialmente em 2020. Nas próximas décadas, é preciso reduzir o custo da energia verde através de investimentos inteligentes em inovação verde.

Neste Dia da Terra, precisamos de uma dose de realismo sobre os verdadeiros desafios ambientais – como a poluição do ar e da água que tornam a vida tão miserável para bilhões de pessoas – e as oportunidades reais que existem para a inovação ambiental, para tornar o nosso planeta um lugar melhor.

O texto acima é uma tradução livre de um artigo de Bjørn Lomborg publicado hoje no USA Today. Para ver o original, clique aqui

.


Acessos ao blog

  • 520.508 acessos

Responsável pelo blog