Aquecimento Global

Às vésperas da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Copenhagen, que, diga-se de passagem, realizar-se-á debaixo de muita neve e frio, gostaria de fazer uma revisão sobre o tema: verdades e mitos sobre o aquecimento global.

Muita gente fala com preconceitos sobre aquecimento global e, na verdade, não sabe sobre o que está falando. Dizer que ocorre um “aquecimento global” significa dizer que as temperaturas médias no planeta deveriam estar aumentando. Mas não é isso o que está ocorrendo.

O termômetro só foi inventado em meados do Século XIX e a sua dispersão e o seu uso sistemático, para medir diretamente e registrar as temperaturas, cresceu lentamente. A cobertura em termos de representatividade do planeta como um todo foi sendo ampliada pouco a pouco, deixando muito a desejar.

Quando estações meteorológicas começaram a ser instaladas e registros sistemáticos passaram a ser feitos, o Mundo recém saía da Pequena Idade do Gelo. Analisando os dados disponíveis a partir do final do Século XIX e durante o Século XX, observa-se de maneira geral que as temperaturas médias – calculadas a partir da média entre as temperaturas máximas e mínimas observadas em cada local – aumentaram ligeiramente até cerca de 1940, depois diminuíram ligeiramente até meados dos anos 1970, e depois passaram a aumentar novamente até o final do Século XX. Segundo esses dados, nos EUA, por exemplo, o ano mais quente (que se tem registro direto) foi 1934, e a década mais quente, aparentemente, foi a de 1930, quando havia menos de um terço da população atual de seres humanos na Terra, não haviam SUVs e nem aviões Jumbo.

A partir de 1979, satélites foram colocados em órbita da Terra e uma série de medições passaram a ser feitas sistematicamente, inclusive das temperaturas. A meu ver, dados confiáveis sobre a temperatura média da superfície do planeta começaram a ser obtidos apenas a partir de 1979, através dos satélites. As estações meteorológicas terrestres não são lá muito representativas para esses cálculos, por uma série de motivos, entre eles:
1. Há muito mais água que terra na superfície do planeta, e os registros feitos em navios não são representativos;
2. Estações meteorológicas terrestres perto de grandes centros urbanos que cresceram muito passaram a registrar dados distorcidos em função do efeito ilha de calor dessas áreas.

Um dos registros mais significativos que esses satélites passaram a fazer é a quantidade de gelo sobre o mar, no Ártico e na Antártida, que foram analisados em várias ocasiões nesse blog. Veja os dados atualizados da criosfera clicando aqui e tire as suas próprias conclusões.

A partir de 1998, novos satélites na órbita da Terra passaram a registrar as temperaturas na superfície e também a várias altitudes na atmosfera. Clique aqui para ver esses dados através de gráficos interativos.

O fato é que as temperaturas médias da superfície da Terra estão outra vez diminuindo no Século XXI… Nas últimas décadas, o ano mais quente foi 1998. E de lá para cá, as temperaturas tem diminuído, não estão aumentando. A terminologia correta, portanto, seria arrefecimento global, e não aquecimento, pois não se verifica nenhum aquecimento há mais de uma década! De qualquer forma, as variações observadas são absolutamente normais, dentro de padrões históricos e fundamentalmente devidas a causas naturais.

Bom, se não temos aquecimento, já poderíamos parar por aqui. Mas hoje vamos explorar um pouco mais o tema. Vamos voltar até meados da década de 1970. Na época, após mais de três décadas de temperaturas em declínio, a preocupação era a iminência de uma nova era glacial. A BBC e os noticiários sobre o tempo falavam de uma nova era do gelo e suas consequências catastróficas, etc..

Creio que um fato merece destaque naqueles dias sombrios: Bert Bolin, um meteorologista sueco, ofereceu uma tábua da salvação para um mundo à beira do pânico: ele especulou e sugeriu pela primeira vez que talvez fossemos capazes de esquentar o planeta! Queimando carvão, queimando petróleo, produzíamos cada vez mais CO₂, e o incremento de CO₂ da atmosfera talvez pudesse aquecer o planeta, livrando-nos de morrer congelados, embora não estivesse certo de que isso poderia ocorrer. Bem, a esmagadora maioria dos especialistas sobre o assunto disse na ocasião que aquela teoria excêntrica não tinha o menor cabimento, que era um absurdo.

Dois outros fatos subsequentes, porém, contribuíram para mudar essa convicção: as temperaturas voltaram a subir e os trabalhadores das minas de carvão no Reino Unido entraram em greve. No início dos anos 70, a crise do petróleo havia precipitado o mundo em uma recessão e os mineradores britânicos haviam afundado o governo conservador de Edward Heath. A politização do tema começou então com Margaret Thatcher. Ela sempre esteve preocupada com a questão da segurança energética, já que não confiava no Oriente Médio e não confiava no Sindicato Nacional dos Mineradores, ou seja, não confiava no petróleo e nem no carvão. Anos mais tarde (a Sra. Thatcher foi primeira-ministra da Grã Bretanha de 1979 a 1990), quando a questão do aquecimento global começou a ser ventilada e ela pretendia desenvolver a energia nuclear (que, por acaso, não emite CO₂), ela tratou de juntar a fome com a vontade de comer. Ela foi até a Real Sociedade de Ciências e colocou dinheiro à disposição dos cientistas para que provassem que as emissões de CO₂ provocavam aquecimento do planeta. E assim, obviamente, eles foram e o fizeram.

A pedido da Sra. Thatcher, o ‘Met Office’ criou uma unidade de modelagem climática que estabeleceu as bases para um novo Comitê Internacional chamado Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, ou IPCC. O escândalo recente da correspondência ‘hackeada’ é apenas um vestígio da sujeira que foi varrida para baixo do tapete desde então.

Com a queda do muro de Berlim e o fim do comunismo, muitos pacifistas e ativistas políticos passaram para o movimento ambientalista, trazendo o neomarxismo com eles. Aprenderam a usar a linguagem verde de forma inteligente para estabelecer agendas que na realidade têm mais a ver com anticapitalismo e antiglobalização que com qualquer assunto ecológico ou científico. E eles adoraram a questão do CO₂, pois o CO₂ é para eles um emblema da industrialização. O CO₂ também é um gás industrial, ligado ao crescimento econômico, ao transporte em carros, ao que chamamos de civilização. E assim, da extrema esquerda até a extrema direita, todos se uniram para empunhar uma mesma bandeira.

Muito além de ser um emblema dos tempos modernos, porém, o CO₂ é um gás essencial para a vida na Terra. O CO₂ e a água são essenciais para a fotossíntese. E a vida no nosso planeta, tal e como a conhecemos, é baseada nesse milagre. O CO₂ não é um poluente!

A forma como essa verdade insofismável foi deturpada demonstra o poder que está por trás dessa baboseira do aquecimento global. Aliás, como vimos recentemente no post que escrevi para o Blog Action Day 2009, a palavra de ordem agora é mudança climática. Como se o clima antes fosse constante e agora estivesse sendo modificado por nós…

No passado recente, se considerarmos apenas a Era Cristã (insignificante em termos geológicos), sabe-se que houve um Período Quente Medieval com temperaturas significativamente superiores às que verificamos nos dias de hoje, assim como a Pequena Idade do Gelo, com temperaturas mais frias, mais recentemente. Fundamentalmente, é a atividade do Sol que condiciona o clima na Terra. Somos a caixa de ressonância de suas variações. É o óbvio ululante.

Essa estória de que um aumento do CO₂ na atmosfera provoca um aumento na temperatura, de forma linear, binária, tão simples assim, em um sistema tão complexo como o climático, não lhe parece boa demais para ser verdade? Vamos supor, apenas por hipótese, que a temperatura aumente. Haveria então mais evaporação e mais nuvens se formariam. Teríamos então mais dias nublados, e consequentemente, temperaturas mais amenas…

O famoso efeito estufa, da forma como se diz que deveria funcionar, simplesmente não tem funcionado. Não só os dados de temperaturas obtidos a várias altitudes com os satélites lançados em 1989, mas também dados de balões meteorológicos mostram que eventualmente ocorre uma elevação da temperatura na superfície, mas não se verifica nenhum aumento das temperaturas na troposfera (baixa atmosfera), senão, por vezes, o contrário. Os fatos, portanto, não se ajustam à teoria.

Outra estória que tampouco se observa é um aumento de eventos climáticos extremos de forma generalizada. Os tornados observados recentemente no sul do Brasil, por exemplo, tem mais a ver com um inverno austral mais intenso que a média. Mais frio, e não mais calor. Arrefecimento local, e não aquecimento global. Fenômenos climáticos extremos estão diretamente relacionados às diferenças de temperatura entre os pólos e os trópicos, isso é o que está escrito em todo e qualquer livro sobre meteorologia.

No mundo, hoje em dia, mais de 80% da energia consumida provem do carvão, do petróleo e do gás natural, principalmente porque são as fontes de energia mais baratas. E eu não sou contra o uso de fontes de energia alternativas, muito pelo contrário. Aliás, eu trabalho com biocombustíveis e bioenergia. Mas a energia fotovoltaica ou a eólica, por exemplo, que juntas representam cerca de 1%, são muito mais caras, precisam ser subsidiadas. Mas para os neo marxistas travestidos de ecologistas (que fazem de tudo para encobrir o fato de que nunca antes na história deste planeta, tantos seres humanos viveram tanto e tão bem), o que eles querem mesmo é ver o circo pegar fogo.

A matriz energética brasileira é a mais renovável do mundo. Geramos energia elétrica principalmente em usinas hidroelétricas, produzimos e utilizamos há vários anos grande quantidade de etanol e, mais recentemente, de biodiesel. O Lula quer sair bonito na foto em Copenhagen, mas está promovendo termoelétricas a óleo combustível (óleo pesado) e carvão. E o nosso óleo diesel é um dos piores do mundo (mais poluentes), devido ao seu altíssimo conteúdo de enxofre.

Instituir taxas ou penalizações para os que emitem CO₂ é uma invencionice, totalmente ineficaz para o fim a que se destina, exceto talvez para os próprios inventores. Aos que não conhecem o Projeto Petição, sugiro que deem uma olhada, principalmente no artigo de Arthur B. Robinson, Noah E. Robinson e Willie Soon.

Ainda criança, aprendi com o meu avô a velejar, na represa de Guarapiranga, em São Paulo. Desde então, sempre atento aos ventos e ao clima, ao longo da minha juventude e na minha vida profissional como engenheiro agrônomo, aprendi que ainda não somos capazes de prever como será o tempo depois de amanhã… Que dirá dentro de 50 ou 100 anos…

Sinceramente, acho que deveríamos nos preocupar com coisas mais simples e triviais, como saneamento básico, coleta seletiva e destinação correta de resíduos, coisinhas assim, aparentemente sem muita importância, mas que nos afetam diretamente… Bill Gates parece ter dito a um grupo de jovens em uma palestra que “antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, deveriam tentar limpar seu próprio quarto”. Nessa semana, por exemplo, escutei no rádio que o Brasil é o sétimo país do mundo no ranking da vergonha com 18 milhões de pessoas que não tem acesso a banheiros… Que Deus nos proteja!

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10 Respostas to “Aquecimento Global”


  1. 2 AC 01/12/2009 às 22:57

    parabéns! aos poucos a farsa “neomarxista” vai sendo desmontada.

  2. 3 Gabriel Bruno da Mota Costa 03/12/2009 às 10:24

    Até o Jornal da Globo falou na farsa:
    http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1401335-16021,00-CIENTISTA+E+ACUSADO+DE+MANIPULAR+DADOS+PARA+COMPROVAR+AQUECIMENTO+GLOBAL.html
    Cadeia nesses caras.
    Viram a conta que querem que a gente pague por dados manipulados?
    A estimativa é de 3,4 trilhões até 2050 que sairão dos bolsos dos brasileiros para sustentar uma farsa de gráficos manipulados por truques. Enquanto isso pessoas morrem de fome. Isso é REVOLTANTE!
    Já pensaram se a ciência que pesquisa a cura do câncer e da AIDS fosse assim?

  3. 4 mauro mendes thimotheo 04/12/2009 às 12:35

    O que me deixa indignado é o total descaso dos veículos de impresa que nada falam sobre o “climagate”, se o abordam o fazem nas TVs pagas, de forma rápida e desdenhosa. Na minha inocencia acreditava que as informações teriam que ser dadas e os leitores tirariam suas proprias oponiões. Pura inocencia!

  4. 6 Tadeu Santos 05/12/2009 às 10:08

    Mas então o que é que está acontecendo aqui no sul de SC? Antes do furacão Catarina em 2004, havia apenas enchentes, tormentas e vendavais na região. Coincidentemente, depois do Catarina, a ocorrência passou a ser com mais frequencia e intensidade, tanto de ciclones extratropicais quanto de tornados. Apenas na segunda quinzena de setembro passado, ocorreram três eventos extremos em Araranguá / SC, começando com a maior enchente da história do município, uma chuva de granizo com pedras de 7cm de diâmetro e um inédito tornado.
    Se é ou não aquecimento global, o problema é que a população entra em pânico quando surge um vento repentino ou uma nuvem mais escura, porque está traumatizada com as tragédias do clima que estão acontecendo no sul de SC.
    Sugerimos estudos mais profundos além da ciência da meteorologia, como a geofísica, oceanografia e filosofia por exemplo, como forma de esclarecer a população afetada / atingida que quer respostas.

    • 7 Mario 05/12/2009 às 12:07

      Prezado Tadeu,
      O que está acontecendo no sul do Brasil é que a Antártida parece estar mais fria este ano do que em anos anteriores.
      Fenômenos climáticos extremos ocorrem justamente quando as diferenças entre as temperaturas dos pólos e as dos trópicos são maiores… coisas da Natureza…

  5. 8 Tadeu Santos 05/12/2009 às 14:50

    Olá Mario, como o assunto é pertinente,
    “Prezado Tadeu,
    O que está acontecendo no sul do Brasil é que a Antártida parece estar mais fria este ano do que em anos anteriores”.
    Por causa do “parece” é que queremos mais pesquisas e estudos para respostas mais precisas e não apenas este ano, mas então está há cinco anos.
    “Fenômenos climáticos extremos ocorrem justamente quando as diferenças entre as temperaturas dos pólos e as dos trópicos são maiores… coisas da natureza…”
    Naturalmente que as diferenças de temperaturas é que provocam, mas pode estar havendo um desequilíbrio nestas diferenças.
    Enquanto que outras ontes afirmam que é em função do desmatamento da Amazônia e outros declaram que é por causa do El Niño ou La Niña…
    Pode haver exagero por parte dos que defendem o aquecimento global, mas não admitir que a ação humana possa estar interferindo na climatologia da Terra me parece um ceticismo um tanto exagerado também.

    • 9 Mario 05/12/2009 às 15:46

      Caro Tadeu,
      Se eles podem exagerar, eu também.
      Concordo que tem que haver mais pesquisa, mas desde que os dados não sejam manipulados para defender uma causa…
      Eu tenho um irmão que mora em Balneário Camboriú há anos, e a casa dele já foi inundada mais de uma vez. Eu já disse a ele:
      – Mude-se, pois é apenas uma questão de tempo…
      Quando eu nasci, em 1960, eramos 3 bilhões de seres humanos na Terra. Em 1999, já eramos 6 bilhões. E se eu chegar aos meus 85 anos com vida, seremos provavelmente cerca de 9 bilhões. É óbvio que tanta gente impacta o meio ambiente. Mas o clima da planeta, sinceramente, não creio que sejamos capazes de algum impacto significativo, mesmo fazendo as besteiras que se faz, é um sistema muito complexo e não estamos com essa bola toda…
      O que eu acho é que precisamos nos preocupar com os problemas locais que nos afetam diretamente. Se não somos capazes nem disso, bem, deixa pra lá…
      Abraço.


  1. 1 O escândalo cientificista « Arauto do Futuro Trackback em 03/12/2009 às 22:20

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